Ações de convivência com seca: uma realidade no Piemonte da Diamantina

Possuir tecnologias sociais capazes de armazenar água da chuva que garantam a produção de alimentos e a dessedentação animal é uma realidade presente para alguns moradores do semiárido brasileiro, especificamente, os beneficiários do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2). No território Piemonte da Diamantina, na Bahia, desde o ano passado mais de 77 famílias tiveram acesso às tecnologias sociais, como cisterna calçadão, tanque de pedra e barragem subterrânea.

Este ano, o P1+2 volta a ser executado após nova parceria com o Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome, onde serão atendidas, no território às famílias dos municípios de Jacobina, Capim Grosso, Quixabeira e Ourolândia com 259 tecnologias sociais, como cisterna calçadão (113) e de enxurrada (58), Tanque de Pedra (06), Barragem Subterrânea (07), Barraginha (07), Barreiro Trincheira (60), Bomba D’água Popular (08). O projeto iniciou as suas atividades em meados de junho com a mobilização das Comissões municipais da Água para a seleção das comunidades a serem contempladas com as tecnologias sociais.

No P1+2 as construções das cisternas são acompanhadas da realização de mobilização, de capacitações e de intercâmbios entre agricultores. Nestes encontros as famílias beneficiárias do projeto discutem sobre agroecologia, agricultura orgânica para fortalecer os sistemas de produção de alimentos e conhecem experiências de outros agricultores.

“É importante porque visa garantir ao agricultor a segurança da produção de alimentos neste período de estiagem, bem como, a sensibilização dos agricultores em adaptar-se à seca”, considera o coordenador do P1+2 pela COFASPI, João Nunes. Ele completa que é a partir destas ações que é possível dialogar com os agricultores e com a sociedade em geral as possibilidades e necessidades de adaptar-se as condições climáticas da região semiárida.

Desde que foi iniciado, em 2007, o P1+2 possibilitou a construção de quase 11 mil tecnologias socialmente aplicadas (cisterna calçadão, Barragem subterrânea, Tanque de pedra e Bomba D’água Popular), atendendo mais de 24 mil famílias de todo Semiárido Brasileiro. No ano passado, em Jacobina, Miguel Calmon e Caém foram realizados encontros, intercâmbios, capacitações e construídas 77 cisternas calçadão, uma barragem subterrânea e dois Tanques de Pedra.

Estas ações vêm contribuindo para diminuir os impactos causados pela escassez de água durante os períodos de longa estiagem como este que estamos vivendo em 2012. Ao longo dos anos a estiagem no nordeste brasileiro é vista como causadora de grandes problemas para os moradores desta região, mas esta realidade vem mudando ao longo dos anos após a realização destas ações por parte de instituições sociais não governamentais de mobilização social para a convivência com a seca. No território de Identidade Piemonte da Diamantina, na Bahia, a Cooperativa de Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI) é uma das organizações que compõe a ASA e vem realizando este trabalho nos dez municípios do território.
 
Karine Silva - comunicadora popular da ASA

Comentários